sábado, setembro 11, 2004

Para que não hajam dúvidas...

(continuação dos post anterior)

... e porque este post é dirigido aos meus leitores habituais, vou esmiuçar os motivos que me levaram a tomar uma decisão. Quando escrevemos, por escrever, ou seja, quando não nos preocupamos com a real interpretação às nossas palavras, podemos com facilidade, dizer tudo como os malucos.

Não é o caso deste post. Aqui, quero tudo “preto no branco”. Quero ser devidamente, entendida. Vamos lá ver se consigo.

Todos nós, que por aqui andamos com as palavras nas pontas dos dedos, devemos saber o que é a blogomania, cada um com a sua definição, obviamente. Se me permitem, volto a citar palavras de Milan Kundera, sobre a natureza da actividade do escritor. "Cada individuo se rodeia das suas próprias palavras, como de uma parede de espelhos que não deixa filtrar nenhuma voz de fora". A natureza do escritor é de facto esta, na minha opinião.

O isolamento que nos causa. Esperam lá… vou escrever na primeira pessoa. Porque é de mim, que quero falar. Eu concordo com a definição de Kundera. E, se esta parede de espelhos, habitualmente me provoca uma sensação de bem estar imensa (que procuro frequentemente) muitos são também, os momentos em que me apercebo do isolamento a que me sujeito. Daí ter tentado atenuar o isolamento com a possibilidade da recolha de reacções àquilo que escrevo. Criou-se assim, uma comunicação mais próxima daquela que temos com a troca de palavras ditas. É confortante, sim. Quando, nos sentimos sozinhos com as nossas ideias. Perceber que outras pessoas partilham conceitos, sentimentos, opiniões, eu sei lá… como eu, faz-me sentir menos sozinha (e aqui, “sozinha”, não tem nada a ver com o aspecto físico da questão).

Mas, como em tudo, há sempre o reverso da medalha. E esta, doeu-me. A sério. Porque esta troca de palavras escritas, passou a barreira da formalidade, da racionalidade. Afeiçoei-me às palavras que daí vieram. E percebi que queria mais. Que queria as pessoas que as escrevem. Aqui deste lado. Com palavras ditas. Com mantas e cinzeiros partilhados. Com forma de as procurar e de ser procurada. Pele com pele. Enfim… amigos palpáveis. Como aqueles que tenho neste mundo real.

E quando percebo que afinal as palavras que leio pertencem apenas ao meu monitor, sem rosto, que ligo e desligo, conforme me apetece… sabe-me a pouco. Porque se um amigo desaparece sem dar sinal de vida, tenho que o procurar, saber se lhe aconteceu alguma coisa de mal. Ou se uma amiga anda em fase menos feliz, preciso de me disponibilizar, para que me possa procurar, se assim o entender. Ou até, se for eu a andar em baixa forma, preciso da minha agenda telefónica com os números preenchidos à frente dos respectivos nomes. É disto que preciso.

Mas, como também preciso de escrever, decidi reduzir isto à sua essência. Escrevo apenas. Sem comentários. Sem contador. Sem a mínima hipótese de me envolver emocionalmente com os meus leitores (os que não conheço pessoalmente). Reduzo portanto, esta forma de comunicar, à parede de espelhos que não deixa filtrar nenhuma voz de fora.

É assim que vou tentar viver isto. Mas se algum dia… alguém tiver a brilhante ideia de organizar um almoço, um jantar, um fim-de-semana, qualquer merda desse género, do tipo…

1º ENCONTRO DE BLOGUISTAS
(vamos todos conhecer-nos pessoalmente)

Contem comigo. Estou lá.

Por enquanto vou-vos lendo. Todos os dias. A todos os que constam na minha lista de links (que só agora senti necessidade de criar).