Pela direita. Vuuurrrmmm!
Pela esquerda. Vuuurrrmmm!
Pois. Eu hoje fui para Santarém. Ihihihihihih!... O pessoal que me conhece já se está a rir. O que é que para aí vem, pensarão.
É verdade. Levantei-me meia hora mais cedo do que era preciso, para conseguir acordar mesmo, ou seja, para me meter à estrada de olhinhos já bem abertos. E lá fui eu. Demorei quase 2 horas para lá chegar. Qualquer pessoa (mesmo qualquer pessoa) faz a viagem em menos de uma hora. Mas eu perdi-me, pois claro. Umas quinhentas vezes, sim senhor. Para lá, ia tão absorvida com as minhas “perdições”, que não reparei em nada. Nem no caminho, pois claro. Senão não me perdia. Mas para cá, já vinha mais calma e então, deu para curtir a viagem. Foi do melhor.
Via rápida. Entrem todos. Vuuurrrmmm!... pela direita. Até afrouxo para os deixar entrar. Hoje, por acaso, não levei com nenhuma buzinadela do de trás. Os gajos às vezes, irritam-se comigo. Mas, porra!... tenho sempre medo que eles entrem à má fila. E não vá o diabo tecê-las… deixo-os sempre entrar. Chiça!... parece que vão todos para o mesmo sítio que eu. Vuuurrrmmm!... aí vai mais um. Alguns até me agradecem.
Quando não são os da direita, são os da esquerda. Na verdade, esses são os mais frequentes. Na verdade… até são todos. Não. Todos, não. Todos, menos os tractores. Com os tractores posso eu bem. Às vezes demoro, mas lá me vou desenrascando. Hoje, por acaso, vi-me doida com um. Com reboque. Fui uma data de tempo atrás dele. Mas como tinha traço contínuo, os que vinham atrás de mim, não me chatearam. Mas o traço contínuo acabou e eu… nunca mais me despachava. Comecei a ficar nervosa. Quando me decidi, já vinha um detrás, mais despachadinho que eu. E depois outro. E depois ainda vinha mais um, mas eu aí pensei: Porra!... espera lá, que agora sou eu, que ainda acaba a recta e eu sufoco aqui com o pivo do tomate. É que o reboque vinha carregadinho deles e pessoal… o cheirinho do tomate com o sol a dar em cheio… só vos digo… é qualquer coisa…
Bom, mas lá deixei o tractor para trás e segui viagem. E, vuuurrrmmm!... aí vem mais um, pela esquerda. Um jepp azul. E, vuuurrrmmm!... um carro vermelho. E depois um branco. E a seguir, um camião. Foje!... um camião?! Pois, um camião pequeno, ou uma camioneta grande, que é tudo a mesma coisa. Livra!... que vergonha, meu Deus. Enquanto são pequenos, ainda vá… mas um, daquele tamanho? Tenho que acelerar isto um bocadinho mais, pensei eu. E aquilo correu bem.
Bom, correu bem, até à ponte. Quando entrei na ponte, toda lançada, digo-vos eu, vem de lá uma bisarma de todo o tamanho. Quando vejo aquilo a aproximar-se, fui-me afundando no banco. Um camião cisterna. A abrir, o parvalhão. É que a ponte é estreita. Ia em 5ª. Comecei logo a travar e reduzi para 2ª. Quase parei, quando me cruzei com ele. O gajo ofendeu-se. A sério. Diz-me ele, lá de cima: Não cabes?!... ò caraças?!... Para dizer uma coisa daquelas, é mesmo, porque levou a mal. Não sei muito bem, se por ter quase parado, ou se por me ter visto a afundar no banco… mas lá que se ofendeu, ofendeu. Parvalhão. Ainda me atrevi a pensar, enquanto voltava à minha posição normal. Olhei pelo retrovisor, não vinha ninguém atrás. Porreiro, pensei. Não fosse o de trás ofender-se também…
Bom, mas eu cá, nunca me deixo abalar com estas coisas. Quando paro o carro debaixo do meu telheiro, venho sempre bem disposta. Porra!... cheguei sã e salva. É sempre o que penso. Passados dois minutos, já não me lembro de nada.