domingo, março 25, 2007

Uma lição de humildade

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foto aq (editada)

Não tens que pedir desculpa por ter sido a melhor. Não foste sequer tu, quem promoveu a competição. Apenas estás inserida por iniciativa alheia, no grupo. E, mais importante do que teres ganho as melhores posições, foi a humildade com que o fizeste.

É sobretudo, disso que me orgulho.

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Há contextos da nossa vida, períodos, fases, em que nos sentimos, mais ou menos satisfeitos, integrados, confortáveis. Dou-me conta que atravesso uma fase de desconforto, sobretudo, no que diz respeito à minha rede de relacionamentos, os relacionamentos do dia-a-dia. Está longe de mim, à distância de muitos km(s), a família e alguns amigos, daqueles amigos de uma vida inteira.

O desconforto a que me refiro é causado por uma abismal diferença de valores, de princípios, em suma, de referências orientadoras do nosso comportamento. É uma diferença tão grande, que me faz sentir isolada, individualizada, inadaptada. Esta sensação abana a minha própria estrutura, faz-me sentir diferente, quase anormal. Não são poucas as vezes que questiono se fui eu que estive mal, em determinada situação.

Para continuar a sentir-me integra, tem sido necessário muita perseverança e a procura da minha identificação junto daqueles que há muito são meus semelhantes, na família e nos amigos de longa data.

Ontem os meus filhos participaram num campeonato regional de Karate. Nenhum deles, estava muito entusiasmado. A escolha desta modalidade desportiva, foi iniciativa do pai e desde os 5 anos que os três a praticam. Nunca me opus, muito pelo contrário, sempre os encorajei a continuar, quando se desmotivam. Ontem a minha filha do meio ganhou o primeiro lugar da classe dela numa competição, e o segundo lugar, noutra.

Na competição em que ela ganhou o primeiro lugar, até chegar à final, houve 5 eliminatórias. Numa das últimas eliminatórias, competiu com uma menina visivelmente enervada. A determinada altura do exercício, a menina enganou-se nos movimentos de defesa e bloqueou, sem saber o que fazer. Vieram-me as lágrimas aos olhos com a reacção da minha filha: Abrandou o ritmo dos movimentos de ataque, esperando que a adversária correspondesse com os movimentos de defesa e como tal, não aconteceu, indicou-lhe por voz e por gesto como se deveria defender. Valeu-lhe um forte aplauso do público antes mesmo, do júri levantar a bandeirinha da vitória.

No meio da plateia, sozinha, sem que ninguém soubesse que aquela menina era minha filha, parecia que o meu peito rebentava de orgulho. Experimentei a mesma sensação, quando na final da outra competição foi eliminada, e no momento em que o júri deu a decisão, ela aplaudiu a adversária, atitude pouco frequente até mesmo nos atletas mais velhos. Quando tudo acabou e nos juntámos todos eram já 22.30h, sentia-se constrangida por os irmãos não terem ganho nenhuma taça.

Esta minha filha tem 9 anos de idade. A esta, não costumo ensinar a “dar o seu melhor”. Tenho-me preocupado sempre mais, a ensiná-la a ser humilde, face aos bons resultados que consegue em tudo o que faz. Contudo, nunca lhe disse como devia proceder em campeonatos de Karate. O seu comportamento de ontem foi da sua inteira responsabilidade.

Para mim foi sobretudo, uma lufada de ar fresco neste desconforto que tenho sentido ultimamente.

7 comentários:

Keratina disse...

Bolas, até a mim vieram as lágrimas aos olhos...sabes que o berço onde se nasce e cresce vale por milhões de barras de ouro, ou mesmo notas e moedas cunhadas. Com uma mãe assim, como poderiam ser os rebentos?! Iguaizinhos à mãe...aliás...a cachopa tá muito parecida contigo...digo eu!!!Jokas.

VdeAlmeida disse...

Há coisas que nascem connosco. Nem precisam de ser ensinadas. Depois, há sempre os exemplos...
Beijinho grande, amiga

Anónimo disse...

Parabens . . . a "cachopa" (o termo roubei-o ao coment anterior), tem futuro. Felicidades para todos os "combates" que a esperam.

Anónimo disse...

Minha linda AQ...
já aqui vim várias vezes e não consegui comentar. Ou eram os dedos que tropeçavam nas teclas, ou os olhos que se embaciavam ou a cabeça que ficava vazia.
Tens uns meninos lindos, minha querida. Mérito deles, sem dúvida, mas muito da mãe que têm :-)
Anda... há festa no Alpendre e tu estás convidada. Não te preocupes
com o traje, que é informal :-)

Beijo grande-grande

PARTILHAS disse...

Bolas...
Levaste-me às lágrimas hoje...
Há sentimentos, que não se ensinam..., que se vivem apenas...

Obrigada querida

riacho disse...

(Grrrr!!... tás-m'a irritar, já... com a penumbra )


:-p

Keratina disse...

olha lá...quase um mês sem notícias...achas isto bem? Ké feito?!Jokas