domingo, março 04, 2007

Actualização

Na observação que consigo fazer sobre mim própria, no meu dia-a-dia, constato que há dois estados de espírito que são dominantes:

1 - Um excesso de ideias e de emoções que se atropelam à saída e que exigem da minha parte uma constante imposição de ordem, tão difícil de executar que tenho por vezes, que recorrer a ajuda, sob pena de se instalar a anarquia total. É nestes períodos que escrevo compulsivamente se a disponibilidade for coincidente com o estado de alma (o que nem sempre acontece) porque estão criadas as condições a partir das quais, me saem pelas pontas dos dedos as tais histórias que me satisfaz tanto escrever. Nestes períodos leio muito pouco. Nestes períodos muita coisa me passa ao lado, sem que me dê conta de nada.

2 - Um vazio. Um buraco sem nada, donde coisa alguma pode nascer, senão com alguma dificuldade, reacções, que as ideias e emoções das outras pessoas me podem suscitar. É nestes períodos que leio mais. É nestes períodos que estou mais atenta a tudo o que me rodeia.

Segundo me tenho apercebido, nem um, nem outro estado de espírito, altera o rumo da minha vida, os meus objectivos, ou qualquer situação mais decisória.

A grande diferença é que no primeiro estado em suo palavras por todos os poros. No segundo, não há palavras para suar. Emudeço o mais possível.


É assim que consigo actualizar este blog. Hoje.


6 comentários:

VdeAlmeida disse...

São as duas faces de nós. Por vezes desconfio que, de algum modo somos todos bipolares.
Beijinho, Amiga

Anónimo disse...

Enche-me o peito de alegria, a tua presença aqui, Yardbird :) e sim, foi exactamente em bipolaridade que pensei, quando escrevi estas palavras. Abraço apertado.

riacho disse...

Bipolaridade, no que se costuma saber e no pouco que sei sobre, eu diria que não deve ser bem isso. Sobretudo por causa das tuas acções nos dois estados; por exemplo, é comum dizer-se que no tal estado depressivo - o teu vazio ali descrito - há uma completa alienação ao exterior, ao que nos rodeia, e isso não parece ser o teu caso. Mas claro, cada caso é um.

O que me atraiu foi o facto de dizeres que "nem um, nem outro estado de espírito, altera o rumo da minha vida", o que me leva a perguntar: Não serão ambos somente tentativas diferentes de fugir à realidade que se te apresenta, e a qual desejas mudar mas, por razões que te parecem intransponíveis, simplesmente não consegues?

Abraço forte.

Anónimo disse...

Quando me referi a bipolaridade (julgo que talvez, o Yardbird, também) não foi no termo técnico da questão, ou seja como um encontro de diagnóstico. Não faço a menor ideia se sofro de Bipolaridade, ou não. Referi-me a esse termo no sentido do contraste de estados de espírito, que nem sequer defino como alegria ou tristeza, entusiásmo ou desânimo, interesse ou desinteresse. É mesmo um preenchimento ou um vazio que se notam sobretudo, na minha capacidade de comunicação. Quanto às tentativas, não sei Riacho... sou muito obstinada. Mais depressa tomo fôlego e arranco de novo do que enfio a cabeça debaixo da terra. Mas isso, sou eu, a avaliar-me a mim própria. Abraço apertado.
PS - Reparei no tempo que perdeste e no esforço que fizeste a tentar avaliar a questão, opinando com utilidade :)

Anónimo disse...

Ah, como eu te entendo...
Acho que acabaste de "me" analisar :-)

Beijo grande
[[]]

Anónimo disse...

Tal como disse o Yard, se calhar somos todos um bocadinho bipolares, mais ou menos frequentemente. Abraço apertado, Maria Alfacinha.