foto aq (editada)
Não tens que pedir desculpa por ter sido a melhor. Não foste sequer tu, quem promoveu a competição. Apenas estás inserida por iniciativa alheia, no grupo. E, mais importante do que teres ganho as melhores posições, foi a humildade com que o fizeste.
É sobretudo, disso que me orgulho.
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Há contextos da nossa vida, períodos, fases, em que nos sentimos, mais ou menos satisfeitos, integrados, confortáveis. Dou-me conta que atravesso uma fase de desconforto, sobretudo, no que diz respeito à minha rede de relacionamentos, os relacionamentos do dia-a-dia. Está longe de mim, à distância de muitos km(s), a família e alguns amigos, daqueles amigos de uma vida inteira.
O desconforto a que me refiro é causado por uma abismal diferença de valores, de princípios, em suma, de referências orientadoras do nosso comportamento. É uma diferença tão grande, que me faz sentir isolada, individualizada, inadaptada. Esta sensação abana a minha própria estrutura, faz-me sentir diferente, quase anormal. Não são poucas as vezes que questiono se fui eu que estive mal, em determinada situação.
Para continuar a sentir-me integra, tem sido necessário muita perseverança e a procura da minha identificação junto daqueles que há muito são meus semelhantes, na família e nos amigos de longa data.
Ontem os meus filhos participaram num campeonato regional de Karate. Nenhum deles, estava muito entusiasmado. A escolha desta modalidade desportiva, foi iniciativa do pai e desde os 5 anos que os três a praticam. Nunca me opus, muito pelo contrário, sempre os encorajei a continuar, quando se desmotivam. Ontem a minha filha do meio ganhou o primeiro lugar da classe dela numa competição, e o segundo lugar, noutra.
Na competição em que ela ganhou o primeiro lugar, até chegar à final, houve 5 eliminatórias. Numa das últimas eliminatórias, competiu com uma menina visivelmente enervada. A determinada altura do exercício, a menina enganou-se nos movimentos de defesa e bloqueou, sem saber o que fazer. Vieram-me as lágrimas aos olhos com a reacção da minha filha: Abrandou o ritmo dos movimentos de ataque, esperando que a adversária correspondesse com os movimentos de defesa e como tal, não aconteceu, indicou-lhe por voz e por gesto como se deveria defender. Valeu-lhe um forte aplauso do público antes mesmo, do júri levantar a bandeirinha da vitória.
No meio da plateia, sozinha, sem que ninguém soubesse que aquela menina era minha filha, parecia que o meu peito rebentava de orgulho. Experimentei a mesma sensação, quando na final da outra competição foi eliminada, e no momento em que o júri deu a decisão, ela aplaudiu a adversária, atitude pouco frequente até mesmo nos atletas mais velhos. Quando tudo acabou e nos juntámos todos eram já 22.30h, sentia-se constrangida por os irmãos não terem ganho nenhuma taça.
Esta minha filha tem 9 anos de idade. A esta, não costumo ensinar a “dar o seu melhor”. Tenho-me preocupado sempre mais, a ensiná-la a ser humilde, face aos bons resultados que consegue em tudo o que faz. Contudo, nunca lhe disse como devia proceder em campeonatos de Karate. O seu comportamento de ontem foi da sua inteira responsabilidade.
Para mim foi sobretudo, uma lufada de ar fresco neste desconforto que tenho sentido ultimamente.
Há contextos da nossa vida, períodos, fases, em que nos sentimos, mais ou menos satisfeitos, integrados, confortáveis. Dou-me conta que atravesso uma fase de desconforto, sobretudo, no que diz respeito à minha rede de relacionamentos, os relacionamentos do dia-a-dia. Está longe de mim, à distância de muitos km(s), a família e alguns amigos, daqueles amigos de uma vida inteira.
O desconforto a que me refiro é causado por uma abismal diferença de valores, de princípios, em suma, de referências orientadoras do nosso comportamento. É uma diferença tão grande, que me faz sentir isolada, individualizada, inadaptada. Esta sensação abana a minha própria estrutura, faz-me sentir diferente, quase anormal. Não são poucas as vezes que questiono se fui eu que estive mal, em determinada situação.
Para continuar a sentir-me integra, tem sido necessário muita perseverança e a procura da minha identificação junto daqueles que há muito são meus semelhantes, na família e nos amigos de longa data.
Ontem os meus filhos participaram num campeonato regional de Karate. Nenhum deles, estava muito entusiasmado. A escolha desta modalidade desportiva, foi iniciativa do pai e desde os 5 anos que os três a praticam. Nunca me opus, muito pelo contrário, sempre os encorajei a continuar, quando se desmotivam. Ontem a minha filha do meio ganhou o primeiro lugar da classe dela numa competição, e o segundo lugar, noutra.
Na competição em que ela ganhou o primeiro lugar, até chegar à final, houve 5 eliminatórias. Numa das últimas eliminatórias, competiu com uma menina visivelmente enervada. A determinada altura do exercício, a menina enganou-se nos movimentos de defesa e bloqueou, sem saber o que fazer. Vieram-me as lágrimas aos olhos com a reacção da minha filha: Abrandou o ritmo dos movimentos de ataque, esperando que a adversária correspondesse com os movimentos de defesa e como tal, não aconteceu, indicou-lhe por voz e por gesto como se deveria defender. Valeu-lhe um forte aplauso do público antes mesmo, do júri levantar a bandeirinha da vitória.
No meio da plateia, sozinha, sem que ninguém soubesse que aquela menina era minha filha, parecia que o meu peito rebentava de orgulho. Experimentei a mesma sensação, quando na final da outra competição foi eliminada, e no momento em que o júri deu a decisão, ela aplaudiu a adversária, atitude pouco frequente até mesmo nos atletas mais velhos. Quando tudo acabou e nos juntámos todos eram já 22.30h, sentia-se constrangida por os irmãos não terem ganho nenhuma taça.
Esta minha filha tem 9 anos de idade. A esta, não costumo ensinar a “dar o seu melhor”. Tenho-me preocupado sempre mais, a ensiná-la a ser humilde, face aos bons resultados que consegue em tudo o que faz. Contudo, nunca lhe disse como devia proceder em campeonatos de Karate. O seu comportamento de ontem foi da sua inteira responsabilidade.
Para mim foi sobretudo, uma lufada de ar fresco neste desconforto que tenho sentido ultimamente.