Com a idade, tornei-me uma mulher cada vez, mais fria. Mesmo, gelada. É verdade. É triste, mas uma realidade.
Estávamos os 4 à mesa. Servi o primeiro prato. Na verdade, não foi em prato, foi mesmo em tigela, quase alguidar. Sopa quente e perfumada. Quente, não. A escaldar. Por isso, não podemos comer logo. De maneira que ficámos um bocadito à espera. Uns mexiam a sopa com a colher, outros simplesmente, não faziam nada. Eu resolvi aquecer as mãos na tigela. Todos a olhar para a televisão, caladinhos. Às tantas, provei a sopa. Estava comestível. Comi-a toda e os meus filhos ainda nem tinham tocado nas deles. Comecei a ralhar, que assim não podia ser, que se despachassem para comer a sopa ainda quente, que desligava a televisão, que ainda faltava o segundo e tínhamos coisas para fazer a seguir ao jantar… essas coisas. Argumentaram que a sopa estava quente, que não queriam queimar a língua, que eu devia ter a língua calejada para aguentar comida àquela temperatura, desconsideraram os meus 43 anos... enfim. Ok! Pensei. Agarrei na sopa da pequenita e mexi-a com a colher, decidida a dar-lha à boca. Provei-a antes de lha dar. Estava de facto, muito quente. Primeiro ainda concluí que se calhar, tinha mesmo a língua calejada.
Mas depois lembrei-me: Eu não tinha só aquecido as mãos na tigela quente. Tinha mesmo, arrefecido a sopa nas mãos geladas.
Estávamos os 4 à mesa. Servi o primeiro prato. Na verdade, não foi em prato, foi mesmo em tigela, quase alguidar. Sopa quente e perfumada. Quente, não. A escaldar. Por isso, não podemos comer logo. De maneira que ficámos um bocadito à espera. Uns mexiam a sopa com a colher, outros simplesmente, não faziam nada. Eu resolvi aquecer as mãos na tigela. Todos a olhar para a televisão, caladinhos. Às tantas, provei a sopa. Estava comestível. Comi-a toda e os meus filhos ainda nem tinham tocado nas deles. Comecei a ralhar, que assim não podia ser, que se despachassem para comer a sopa ainda quente, que desligava a televisão, que ainda faltava o segundo e tínhamos coisas para fazer a seguir ao jantar… essas coisas. Argumentaram que a sopa estava quente, que não queriam queimar a língua, que eu devia ter a língua calejada para aguentar comida àquela temperatura, desconsideraram os meus 43 anos... enfim. Ok! Pensei. Agarrei na sopa da pequenita e mexi-a com a colher, decidida a dar-lha à boca. Provei-a antes de lha dar. Estava de facto, muito quente. Primeiro ainda concluí que se calhar, tinha mesmo a língua calejada.
Mas depois lembrei-me: Eu não tinha só aquecido as mãos na tigela quente. Tinha mesmo, arrefecido a sopa nas mãos geladas.
5 comentários:
confesso que reconheço certa frieza em coisas que por vezes me dizes. E não, não são essas que estás a pensar...são as outras de que não te apercebes...as que apontas raramente são frias! Tenho pena que te tornes aos poucos assim...deve ser a vida, ou os problemas, ou ... ou ...
Podes sempre dizer aquilo que pensas, Keratina. Aqui e por correio. Beijinho grande.
Não posso garantir que estejas tão fria assim - nem eu que tenho sempre as mãos geladas consigo arrefecer a sopa :-) - mas acho que a frieza nos invade a todos em determinadas alturas da vida. O segredo é não deixar que ela se instale...
Beijo grande
E eu que sempre ouvi dizer:
"Mãos frias, coração quente."
Não acreditas da sabedoria popular?
;-)
Eu acho que nós, aqueles que se orientam essencialmente, no campo sensorial, podem por vezes, mais frequentemente ou menos, camuflarem-se por detrás de uma carapaça. Basta que ela não seja precisa, basta distrairmo-nos ou estarmos exaustos de quando em vez, que a carapaça descaí. Quem tem olhos consegue ver. Não é enganado. É o que me parece a mim. Beijinho grande, Maria Alfacinha.
Acredito sobretudo, na tua Riacho ;)
Uma coisa é certa: a minha sopa arrefeceu mais depressa que a deles :)
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