10 da manhã de ontem. Já o tinha ouvido chamar-me em vão. Como não se aborreceu comigo, fui-me deixando ficar no calor da minha cama de menina, onde os lençóis têm um cheiro próprio e a almofada sabe-me melhor que outra qualquer (não sei porque não a trago de vez).
Confortavam-me os passos dele, de um lado para o outro, no corredor comprido. Entreabri os olhos, quando me pareceu ouvi-lo assobiar e fiquei atenta. Era mesmo. Tinha ouvido bem. Ele assobiava, de facto.
Ainda mal me tinha recomposto do assobio, esbugalharam-se-me as pálpebras. Música. ERA MÚSICA. José Cid, pois.
O meu pai tinha ligado o velho e potente gira-discos, em altos berros (ou para que eu acordasse de vez, ou porque já não ouve como ouvia).
Saltei da cama e procurei-o. Substituí o habitual beijo de bom dia por um abraço apertado. Ele perguntou-me:
- Quê?!... é por causa da música?
A alegria que me enchia o peito sufocou-me a resposta. Há mais de 8 anos, não ouvia música naquela casa.
terça-feira, novembro 21, 2006
José Cid
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
8 comentários:
Ora aí está o que eu chamo de um milagre...terreno e verdadeiro...joka
Muito perto disso, sim Keratina :) Beijo grande
muito bonito este texto, ate me emocionei pelo amor que mostra ter pelo seu pai.
Beijocas
Obrigada pelo comentário. Um beijinho, também.
Só vejo beijos, só bejo veijos...
:-p
Então, vá lá... para não enjoares, mando-te daqui um "avraço" apertado :)
Beijos, "avraços" mas com muitos sorrisos, né ?
Que sensação boa essa de voltar a ouvir música :-)
Não me lembro de alguma vez, eu ter deixado de ouvir música. Também não me lembro da última vez que o meu pai ouviu música. Foi muito bom, sabê-lo de novo, na sua companhia. "Avraços" e beijos.
Enviar um comentário