Sou danada para conversar. Aquelas conversas que não têm fim. São apenas, interrompidas pelo cansaço, sendo sempre possível serem retomadas, assim haja oportunidade para isso.
Obviamente, nem com toda a gente, se consegue manter este tipo de conversa. Terão que ser, tal como eu, pessoas resistentes. De preferência de opinião contrária à minha. Não há nada mais maçador do que a permanente concordância.
Penso contudo, que a troca de argumentos, até mesmo o confronto com eles desenvolvido, não passa disso mesmo. Longe vai o tempo, se alguma vez o vivi, em que tinha a ilusão, a pretensão, de convencer alguém com os meus argumentos.
É verdade que em tempos de adolescência, havia certos temas que não conseguia discutir, sem que me brilhassem demais os olhos, sem que a minha voz se mantivesse sempre, abaixo do nível do enfurecimento. Cheguei mesmo a abandonar certos temas de conversa, durante alguns anos. Mas foram eles, somados uns em cima dos outros, que me fizeram compreender que as discussões, as trocas de argumentos, de opiniões, em que me envolvo, não pretendem mudar nada. Eu sei isso.
Ai de mim, se a seguir a uma conversa, me não mantivesse à mesma no Benfica, não continuasse a ser crente em coisíssima nenhuma, trocasse as minhas calças de ganga por saias travadas, deixasse de aceitar a diferença, ou não pudesse continuar a dizer aquilo que desejo quando a isso me disponho.
Pelo-me por uma boa conversa, sim. Daquelas que me mantenham acordada. Daquelas que se desenvolvem mutuamente, atravessando a troca de argumentos, mas que nunca tenham termo com a expressão: Pois, mas eu não quero ou não gosto, assim. É que só nessa altura, percebo que eu sei que não pretendo mudar nada, mas a pessoa com quem converso, não sabe, nem quer saber. Torna-se por isso, o confronto, desigual. E eu perco a capacidade de argumentar.
Há coisas que têm que mudar, sim. Sobretudo aspectos de carácter social. E sobre esses também é preciso discutir, pois claro. Promover e consolidar a formação. Mas isso é um trabalho moroso em termos de resultado. E é outro assunto.
3 comentários:
Obrigada Ana :-) pelas tuas palavras e "visão de águia".
Tem de haver mudança, sim, a seu tempo, e até lá, jogo braço de ferro com ele - o tempo.
Aimda havemos de passar umas noitadas perdidas entres palavras; e digo noitadas, porque são elas que permitam das melhores colheitas (penso eu).
Um grande abraçao, amiga.
Errata:
Ainda;
entre;
permitem e abração
(porra! O sono faz disto)
Saudades das nossas... mesmo que não completamente discordantes... fica sempre o desejo de conversar mais...
Há conversas que são partilhas, muito mais que trocas... e são nessas que mais me brilham os olhos...
Beijos miuda!
Enviar um comentário