sábado, outubro 09, 2004

Plena de ritmos diversos


Plena de ritmos e registos diversos. Na primeira pessoas, mais uma vez. É como vou escrever, hoje.

Telefone. Foi o primeiro pensamento que tive. Ainda com a visão turva, auxiliei-me do tacto para descobrir o raio do telefone, sobre a cama. Carreguei num qualquer botão para desligar o “despertar”. Continuou a tocar. Foje!... já a telefonarem?!... Foi o segundo pensamento que tive. Bom… funcionou à mesma. Despertei. Levantei-me da cama. E não, não estive muito tempo ao telefone. Quando acordo, não me obriguem a falar, por favor… não na primeira meia hora.

Por isso, esse pedaço de tempo é o momento mais silencioso desta casa. Fazem-se apenas, as perguntas essenciais, de preferência, formuladas de forma a que as respostas, se resumam a um “sim” ou a um “não”. Está finalmente e felizmente, instituído.

Segue-se a preparação dos pequenos almoços. Cada um, quer sempre uma coisa diferente, o que dá uma trabalheira desgraçada. Abro o micro-ondas. Ponho o leite a aquecer. Enquanto aquece, vou buscar os cereais. Prato, leite, colher… não sei quantos passos até à mesa, sempre com qualquer coisa entalada entre o braço e o corpo, para evitar maior número de viagens. Apita o micro-ondas, ainda não voltei. Faço a papa. Faço a sandes. Preparo o leite. Mais não sei quantas viagens até à mesa. Meninos!... Mesa. É sempre o que digo. Sem conversas, nem confusões, todos se sentam. O barulho de fundo é sempre a televisão, que já alguém ligou, baixinho. O mais baixinho, possível.

Como qualquer coisa. Fumo então o meu primeiro cigarro. Bebo o meu primeiro café. E começou o dia. Começam as conversas. Começa a confusão. Reunião familiar na casa de banho. O som da água a correr. Os desencontros de interesses. Não quero essa roupa. É esta que vais levar. Às vezes acertamos logo. Outras vezes, tem que se fazer logo ali, a primeira negociação do dia. Se demora muito, tenho que me sentar. E se estou com pressa… não me sento, nem negoceio. É aquela e mais nada. Ajudo a vestir. Amanso a rebeldia daqueles caracóis imensos (que trabalheira) que teimo em não cortar (seria um crime). E no fim, sou eu. Com o tempo que resta, lá visto as calças, enfio-me dentro da t-shirt, aplico os cremes da ordem e com sorte, ainda tenho 2 segundos para me olhar no espelho e pensar: tá porreiro ou… tá uma merda. Em qualquer das duas situações, avanço para a tarefa seguinte. Hoje, estava porreiro.

Até à hora do almoço, pouca coisa a registar. A televisão foi a protagonista. A breve saída, decorreu sem incidentes. A seguir ao almoço, é que foram elas. Quatro tarefas a realizar, até ao final da tarde. Água, chucha e fralda, telemóvel, tabaco, chapéus… Já todos têm o chapéu? Tudo para dentro do carro. Marcha-atrás… vai descendo. Eu à conversa com ele. Elas muito amiguinhas. Estarão doentes? Lembro-me de ter pensado. Sempre à conversa, a olhar de quando em vez, pelo retrovisor, a ver quando é que aquilo, passava da risota para a choradeira. Manteve-se assim. Saíram do carro de mão dada. Ele, a refilar que tinha estacionado o carro muito longe… que tínhamos que andar muito. Vamos embora, à minha frente. Não quero nenhum para trás (que eu para trás, não vejo nada e ainda perco algum pelo caminho). Fizemos o caminho bem dispostos e saltitantes. Tive até tempo para observar o que se passava à minha volta, o que não é de todo, frequente. Entreguei-me a pensamentos breves, mas profundos, não me chegando contudo, a distrair. Fomos buscar o que tínhamos que trazer. Ainda tivemos tempo para conversar com estranhos e passar na papelaria. À vinda, já era ele que vinha de mão dada com a pequenina e eu, com a do meio. Quando cheguei ao carro, vi que já estava atrasada. Toca o telemóvel. Ok. Já sei que estou atrasada. É sempre a mesma coisa? Não percebo então, a admiração. Contarão as pessoas que eu mude ainda mais, com 41 anos de idade? Contentem-se com o meu sincero esforço, por favor. Mudança brusca de humor. Grrr… que raiva.

Um trânsito desgraçado. De onde é que saiu isto tudo? Jesus!... a que horas vou eu chegar a casa? Apanhei uma porra de um tractor pelo caminho, que não consegui ultrapassar. E que todos os outros que vinham atrás de mim, me fizeram questão de mostrar que conseguiam. Que se lixe. Virei a cara a todos. Mas os meus filhos, fizeram o favor de me descrever as expressões dos condutores, no momento exacto, do triunfo deles. Por isso, gosto de viajar sozinha, caraças. Só vejo o que quero ver.

Chegámos finalmente a casa. Já estavam à nossa espera. Mudar roupas, e aí foram eles. Eu fiquei. Ainda mandei um mail urgente, para dizer uma coisa urgente e saí, com 15 minutos de atraso. Reunião de pais. Demorada. A maior parte do tempo, estive ausente. E quando estive presente, tive que fazer perguntas em voz alta, para saber a quantas ia. Sim, que não gosto de dar parte de fraca, mas também não gosto de não pescar nada. Conversa para aqui, conversa para ali, que afinal, já não conversávamos para aqui e para ali, desde o fim do ano lectivo. Muitas novidades, pois claro. Muita ânsia de pôr a conversa em dia.

Ok. A quarta tarefa, fica para amanhã. Também é dia. Uff!... estou estafada.

4 comentários:

riacho disse...

:-)

Beijo grande para eles. Que tenham um excelente ano escolar.

Para ti minha querida... deixa lá que o tractor te atrase... por vezes nunca se sabe se isso nos será mais vantajoso. Um xi-coração "às quatro" (ihihih)

PARTILHAS disse...

Que bom sentir-te assim...
Aproveita
Abraço a 4

VdeAlmeida disse...

Já não tenho pingentes pequenos que me atribulem e atrasem o começo do dia, mesmo tendo sido pai e não mãe :-). Mas tenho saudades, sabes? E quando apertam, arranjo uns "emprestados", que também são meus. E é bom, muito bom.
Deixo beijinhos para eles. E para ti, claro (já sei que se há hora em que nunca falarei contigo, é de manhã :-) Ainda acabo pior do que depois de mais uma saída coma Elisa )

inconformada disse...

VI tudo !!
A acordar, a sair de casa, os comentários, os pensamentos...
Lindo :-)
Beijo