terça-feira, maio 19, 2009

Educadores, nós?

Caramba!... parece que afinal não saímos ainda, da época medieval, com a particularidade de tudo de saber a um ritmo vertiginoso e a uma dimensão agigantada.

Acabei agora de ver e ouvir a notícia de abertura do telejornal sobre o caso da professora suspensa de uma escola em Espinho.

Concordo claro, que a senhora não esteve no seu melhor, que exaltou o seu egocentrismo, colocando em posição inferior, aqueles que não estudaram tanto como ela. Parece-me que os anos que estudou não chegaram para que aprendesse a comportar-se segundo o princípio da alteridade e do respeito pelo próximo.

Afinal, acções tão vulgarmente observadas no ser humano, em todos os contextos sociais e familiares, em todas as camadas sociais, em todos os níveis de formação.

Agora, desta situação, resultar uma acusação de linguagem obscena em contexto de sala de aula, pasmou-me, a sério que sim. Mas afinal, não tinha ficado decidido que a educação sexual nas escolas não seria dada numa disciplina específica, mas antes, abordada em momento oportuno pelos docentes de todas as disciplinas (como fazem, ou deveriam fazer, os pais em casa)?

Mas como é que a mulher havia de explicar o que era uma orgia romana? E porque carga d’água não deveria proceder à sua explicação?

Em plena expansão tecnológica com os meios que temos ao nosso dispor, donde resulta informação quase como produto de consumo, temos afinal, uma mentalidade de tabus que faz do conhecimento uma inutilidade, ou pior ainda, um mero instrumento de alcovitice.

Concluo desiludida, que numa sociedade de mentalidade retrógrada, não há lugar para subjectividades. Não podemos ser todos educadores. O contexto tem que se objectivar: os pais criam os filhos e os professores ensinam os alunos.

E os miúdos lixam-se porque uns e outros falham enquanto educadores.

Que tristeza do caraças!


7 comentários:

MCV disse...

Nestas coisas, ficamos sempre sem saber a história toda.
Percebe-se que há um "antes" que dá origem ao despropósito - no que concordo absolutamente contigo - mas, independentemente de todo o contexto, há ali afirmações que não se compreendem na boca de um professor qualquer que ele seja, seja em que circunstância fôr.
Para além disso, denota pouca educação embora anuncie que tem a instrução adequada - também de acordo com o que dizes a esse respeito.
(a palavra de confirmação gerada pelo algoritmo aqui de baixo é, de certeza, o nome de um medicamento!) :)

MCV disse...

Era pois - o nome de um medicamento.
Este algoritmo parece viciado (como os dados) :)

Aq disse...

Ontem, no telejornal da noite e noutro canal, ouvi uma gravação diferente da que já tinha ouvido e a senhora pareceu-me mais desiquilibrada e despropositada do que me tinha parecido antes.

Contudo, esta situação fez-me concluir relativamente à educação sexual nas escolas, que se grande parte dos professores já estava renitente em abordar o tema nas aulas, agora sim, recuariam de todo. E claro, quem sai a perder são os miúdos. Aliás, são sempre os miúdos que saem a perder nestas coisas de regras, comportamentos e decisões no universo do homem adulto(tenho muito presente a outra situação que está em agenda da menina que foi entregue à mãe biológica, para ir não sei para onde).

Beijo grande

PS - Ehehe... os dados estão forjados. Olha os que me sairam a mim: forgi.

Keratina disse...

Não sei o que ouviste, e claro que a gravação é ouvida fora de contexto, mas parece-me a mim que há formas mais descontraídas e pedagógicas de abordar o tema.
Na minha época (sim já lá vão quase 20 anos), os pais educavam e os professores ensinavam. Agora parece que se demitiram todos desses papeis, substituindo essa função por prendas e brinquedos caros, no caso do pais, e notas porreiras para passar de ano, no caso dos professores.
Claro está que isto é deveras fácil para uma tipa que não está a criar nenhuns seres humanos de qualquer espécie.
Uma coisa é certa: cada vez mais penso, em que Mundo quero eu trazer uma criança, que não pediu para nascer, e que terá de lidar com este e outros tipos de situações.
Barriga fechada até instruções em contrário, lol

beijos miuda!

Aq disse...

Tenho trabalhado nos últimos anos com miúdos. Tenho filhos. Na minha opinião todos nós adultos, mas principalmente quem é pai e/ou trabalha com miúdos deveria assumir um papel de educador.

Antes, quando os miúdos estavam mais tempo em casa (porque a mãe ou a avó não trabalhavam fora de casa) fazia sentido que coubesse mais aos pais a educação e aos professores a formação.

Mas hoje não é assim e os miúdos passam imenso tempo fora de casa ocupados com a escola e com as actividades extra-curriculares.

Estas componentes de formação cívica, educação sexual, áreas de progecto, etc., nas escolas, a mim parecem-me bem, porque de facto os pais ficaram com menos tempo para educar (há miúdos que só vão a casa comer e dormir).

O que me parece que acontece é que se perde um bocado a objectividade (os papéis não estão tão definidos) e depois o que acontece é que se empurram responsabilidades de um lado para o outro (relativamente à educação).

Do meu ponto de vista, levantam menos problemas os professores, auxiliares de educação, monitores e animadores do que os pais. Há pais que entendem que só a eles lhes compete a educação e exactamente ao contrário, também os há que delegam (quase a 100%) essa responsabilidade nos profissionais de educação.

Nós pais, temos que entender que hoje em dia, precisamos de ajuda para educar os nossos filhos... entender e aceitar. Porque estes profissionais de educação, fazem formação para saber ensinar, entreter e educar.

Quanto à tua "barriga fechada" ocorre-me dizer o seguinte: acredita que a maior parte dos pais e profissionais de educação, esforçam-se até à exaustão para fazer o melhor que sabem. E a maior parte dos miúdos aproveita vem esse esforço. "Barriga fechada" justifica-se em tempo de guerra.

Abraço apertado.

Dylan disse...

E por falar em crianças:

"Descrédito na justiça"

É impossível ficar indiferente aos gritos e choro desesperados da menina de Barcelos que estava numa família de acolhimento aquando da sua entrega à mãe biológica de nacionalidade russa. Este desenlace é tão ridículo que nem acredito na possibilidade das autoridades russas terem imaginado este dramático e insólito final.
Seis anos de cumplicidades afectivas enviadas para a reciclagem sem ninguém ter perguntado à criança qual seria a sua vontade e as possíveis sequelas daí decorrentes. Mais importante do que analisar a legalidade jurídica do acto é verificar o constante descrédito que a justiça portuguesa está votada: brilhantes mentes que têm a certeza que a mãe biológica não repetirá os maus tratos e conduta dúbia, num país e família desconhecidas para a criança, de parcos recursos económicos onde não se fala português. Às vezes não dá vontade de implodir todo o sistema judicial português e pedir a anexação a outro Estado?
http://dylans.blogs.sapo.pt/

Aq disse...

A anexação a outro estado definitivamente, não. Perguntar a uma criança tão pequena "qual seria a sua vontade e as possíveis sequelas daí decorrentes" também, não.

Excepções à parte, partilho as emoções que deixou expressas no comentário, como aliás a maioria de nós (julgo eu).

Agradeço o comentário.