quarta-feira, maio 31, 2006

Pesadelo, premeditação, coincidência ou termo de garantia


Esta manhã acordei com o som da minha voz arrastada: tentava expulsar de minha casa uma pessoa que nunca cá deixei entrar. Não estranhei o disparate de sonho. O que estranhei foi lembrar-me dele.

Esta tarde, expulsei de facto, uma pessoa. Não, de minha casa. E não o mesmo protagonista. Mas, expulsei.

Esta noite, agorinha mesmo, relacionei as duas coisas e não me agradou nada.

Abalou-me a ideia que tenho vindo a formar ao longo da vida, em relação aos meus sonhos (agradáveis ou não): Nunca aconteceu nada que tivesse previamente sonhado, logo, podia estar descansada, podia sonhar descansada. Mais… era uma espécie de garantia e alívio, sonhar com alguma coisa desagradável ou estranha: seria sempre inconsequente.

Devia ter adormecido antes de “agorinha mesmo”, antes de relacionar as duas coisas. Certamente, amanhã já não me lembrava nem de uma, nem de outra.

segunda-feira, maio 29, 2006

Toca o sino


Não estou certa, mas há perto de 1 ano que na igreja começaram as obras. Começaram, pararam, recomeçaram, tornaram a parar… Aquele que era um dos pontos de maior movimento nesta aldeia que me acolheu, tornou-se um local moribundo, apagado. Até o sino deixou de me fazer companhia.

No princípio da semana passada, tomei conhecimento que ia reinaugurar no dia de ontem. Havia quase tudo por fazer. Parecia impossível preparar aquela igreja para o dia de ontem. E muitos eram aqueles que se faziam ouvir com essa opinião.

A azáfama foi grande, ao longo de toda a semana, principalmente na 5ª Feira, que foi feriado. Era ver os homens a acartar baldes de cimento para as traseiras da igreja, as mulheres equipadas de vassoura e balde, as carpetes a apanhar sol, as árvores a serem plantadas à última hora, enfim… um corre-corre fora do comum.

Mas no dia de ontem, a igreja reinaugurou mesmo. Com direito a procissão e tudo. E o sino, já toca de novo.



fotos aq

Calha-me agora dizer que me dei conta da capacidade do padre ao conseguir mobilizar tanta gente e da mesma gente que com este tórrido calor ribatejano (que a mim só me deixa reagir o corpo, à custa de banhos de água fria) foi capaz de se tornar imparável, incansável. Essa gente a que me refiro eram homens (uns 5 ou 6) que estavam a ser pagos pelo seu trabalho, e eram sobretudo, mulheres (muitas) que não receberam dinheiro algum pelo seu préstimo.

Da casa do Senhor, me desviei há muito tempo. Hoje acredito na generosidade dos homens (e na falta dela). E sim, encontro mais facilmente essa característica, nas mulheres.

Comovi-me quando ouvi o sino tocar e sobretudo, senti-me orgulhosa por se ter conseguido reinaugurar a igreja no dia de ontem (apesar de eu não ter dado o mínimo contributo). Calaram-se pois, os que desconfiaram ser possível. Os que não acreditaram na força excepcional da convicção, da bondade. Mas mesmo assim, dificilmente, admitirão o poder da generosidade.

domingo, maio 28, 2006

Xutos in Rio


foto daqui


Apercebemo-nos que ia dar na TV, o concerto no Rock in Rio. O entusiasmo foi significativo e todos nos conseguimos preparar para estar despachadinhos às 11.45 h. Decidimos em que parte da casa íamos assistir ao concerto (quanto a mim, decidimos mal) e chegada a hora, lá estávamos todos alegres e contentes deitados par a par no quarto das minhas filhas.

O concerto começou à hora certa e com mãos e pés, pernas, enfim… tudo o que conseguíamos mover naquela posição de decúbito dorsal… acompanhávamos o ritmo das canções. Algumas foram mesmo cantadas em coro. À medida que se tornava visível o cansaço do Tim e as músicas menos agitadas eram introduzidas na sequência, dei-me conta do sossego que ia reinando no quarto. Dei-me conta das minhas pálpebras a contrariarem-me.

Enfureci-me, levantei-me e fui molhar a cara com água fria. Quando voltei, estavam a tocar “Para ti, Maria”. Sorri e voltei a deitar-me. Já era a única que me mantinha acordada. Por pouco tempo, já que não consigo lembrar-me da canção que se seguiu.

Hoje de manhã acordei desiludida. Comigo, com a idade que me vai roubando a resistência e o entusiasmo. É claro, que tinha que encontrar algum consolo: consolei-me pois, com a idade dos meus filhos, que afinal são bem mais novinhos que eu e também não se aguentaram à bronca.

Quanto aos Xutos… estiveram bem. 28 anos depois, é notória a evolução: na qualidade do som que lhes sai das guitarras e da bateria e no tamanho da barriga do Tim.


quinta-feira, maio 25, 2006

Apeteceu-me

... mudar a música do meu blog:



Aerosmith - Hole In My Soul

I'm down a one way street
With a one night stand
With a one track mind
Out in no man's land
(The punishment sometimes don't seem to fit the crime)

Yeah there's a hole in my soul
But one thing I've learned
For every love letter written
There's another one burned
(So tell me how it's gonna be this time)

Is it over
Is it over
Is it over
'Cause I'm blowin'out the flame

Take a walk outside your mind
Tell me how it feels to be
The one who turns the knife inside of me
Take a look and you will find there's nothing there girl
Yeah I swear, I'm telling you girl yeah 'cause
There's a hole in my soul that's been killing me forever
It's a place where a garden never grows
There's a hole in my soul, yeah I should have known better
'Cause your love's like a thorn without a rose

I'm as dry as a seven year drought

I got dust for tears
Yeah I'm all tapped out
(Sometimes I feel broken and can't get fixed)

I know there's been all kinds of shoes underneath your bed
Now I sleep with my boots on but you're still in my head
(And something tells me this time I'm down to my last licks)
'Cause if it's over
Then it's over
And it's driving me insane

Is it over
Yeah it's over
And I'm blowin' out the flame


Take a walk outside your mind
Tell me how it feels to be
The one who turns the knife inside of me
Take a look and you will find
There's nothing there girl, yeah, I swear
I'm telling you girl yeah 'cause there's a hole in my soul
That's been killing me forever
It's a place where a garden never grows there's a hole in my soul,
Yeah I should have known better
'Cause your love's like a thorn
Without a rose

terça-feira, maio 23, 2006

A história era afinal, esta:

2ª Feira, dia calmo, já que só costumam aparecer cinco. Os cinco mais difíceis de aturar, mas apenas cinco. Todos com 7 e 8 anos. Consegui trabalhar com todos ao mesmo tempo, apesar de trazerem TPCs diferentes. Estavam reactivos às minhas solicitações. Um deles, até aceitou ler o texto 2 vezes. Eu esfregava as mãos de contente. Cheguei mesmo, a comentar (correndo o risco de estragar tudo):

- Epá!... vocês hoje, estão a portar-se tão bem, que até me apetece dar-vos beijinhos.

Risota geral.

- A mim, também? – Perguntou ele.

- A todos – respondi.

E continuámos impávidos e serenos com as nossas tarefas. Ele ficou para o fim porque trazia mais trabalhos. Os outros passaram ao recreio, ali mesmo, ao lado, debaixo do meu olhar. A dada altura desabafei.

- Vá lá, vamos lá despachar isto que eu estou cheia de fome.

- Vais ao café, Ana? Posso ir contigo? – Perguntou entusiasmado.

Reparei que os outros olharam todos para trás à espera da minha resposta. Costumo levar apenas um de cada vez. Normalmente o que pergunta primeiro. Decidi:

- Ok. Hoje vamos todos. Mas só depois de te despachares.

Ficaram entusiasmadíssimos. Surpreendentemente, acalmaram depressa e lá me despachei com ele. Levantámo-nos. Ele arrumou as coisas na mochila e pô-la ao cantinho sem ser preciso eu dizer nada. Enquanto eu arrumava as cadeiras, aproximou-se de mim e disse-me:

- Oh, Ana!... ‘tás-te a esquecer.

- Não estou, não. Vamos todos ao café – Respondi-lhe sem me fixar nele.

Os outros, agitados, prepararam-se logo para sair. Ele não parava de me rondar. Foi isso que me chamou a atenção. Não se chegar aos outros, a caminho da porta. Fixei-me nele, expectante. Com aqueles olhos e sorriso de sacana, repetia:

- ‘tás-te a esquecer… ‘tás-te a esquecer…

Convenceu-se que eu não o estava a entender e sem rodeios, esclareceu-me:

- Tu disseste que me davas beijinhos.

Dei-lhe todos. Todos os que consegui dar. Emocionada. Enternecida. Gratificada.

…………………………………

Era esta a história que eu tinha para contar. Ao invés de a contar, detive-me numa acesa discussão sobre tons de preto. Preto claro. Preto escuro (onde se lê preto, pode-se ler branco, ou verde, ou amarelo, ou até azul clarinho). É estúpido. Eu sei.

Ainda bem que tenho o blog. Conta-a aqui.



segunda-feira, maio 22, 2006

Passos perdidos

Em persistentes passos de ida e volta
Me aconchego na tua companhia.
Doseada.
E embriago-me
Na minha realidade estonteante.
Recolho migalhas de que faço meu alimento.
Guardo-as em mãos fechadas.
Refugiada.
Procuro-te lá fora.
Quase consigo tocar-te.
Assusto-te.
Sou eu que estremeço.

sexta-feira, maio 19, 2006

Secretamente...

...lembrei-me outra vez

foto aq
Chamusca - 2006

segunda-feira, maio 15, 2006

Crescer


foto aq
Amadora - 2006

Aprecio-lhes a capacidade de reacção. Imediata. Pronta.
Respondem instantaneamente aos imensos estímulos que conseguem sentir.
Tão verdadeiros. Puros.

Já têm contudo, o hábito de avisar quando vão.
Aprenderão ao longo do seu crescimento, muito mais do que avisar que vão.
Aprenderão a oprimir as suas vontades.
Porque eu lhes ensinei. E o pai. E as professoras. E o meio onde vivem.

Poucos mais anos haverão que me permitam captar imagens dos meus filhos a correr atrás das suas vontades… assim, tão simplesmente.

Nunca, crescer me pareceu tão triste.

……………………………………………..

1000 palavras podem valer uma imagem. No meu caso, quando uma imagem me pode poupar qualquer número de palavras. As palavras que me têm saído escritas, fazem-me lembrar coisas que não me apetecem. É mais possível, a nós, que já crescemos, pouparmo-nos ao que não nos apetece do que fazer o que nos dá na real gana. Um beijinho, Fia.


sábado, maio 13, 2006

Flores

Continuam a despertar-me a atenção.


foto aq
Amadora - 2006

sexta-feira, maio 12, 2006

Vista


foto aq
Chamusca - 2006

quinta-feira, maio 11, 2006

Proximidades


Foto aq
Queluz - 2006

segunda-feira, maio 08, 2006

Ah!... g'anda mulher!...



Ah!... g'anda mulher!
Sinto-me orgulhosa, para que conste...

A minha comadre é a de lilás.
A que pega o touro... pequenino, mas touro.