Mortiça, sobre uma cama onde me obrigavam a recolher para fazer a sesta que nunca dormia, entretinha-me com o vaivém da cortina, ao sabor do vento quase sempre quente, que a animava. E esperava paciente, quase moribunda, que surgisse a ordem de me poder levantar. Na verdade, não me entretinha só com a dança das cortinas. Sonhava, também.
Tinha menos de 11 anos.
Hoje, não me entretenho com sonhos. Tão-pouco com cortinas. Mas continuo esperando paciente, quase moribunda, pela oportunidade de me poder levantar.
Hoje, não me entretenho com sonhos. Tão-pouco com cortinas. Mas continuo esperando paciente, quase moribunda, pela oportunidade de me poder levantar.
Hoje, entretenho-me com lembranças. Aquelas que me roubaram os sonhos. Que me roubaram até, as cortinas.
Por isso estranhei ouvir a repreensão de ontem à noite:
- Lá estás tu a sonhar outra vez.
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Sonho?
Afinal, ainda consigo?
Oxalá estejas certa.
3 comentários:
Claro que sim...
Um beijinho grande
Penso eu que, com o avançar dos anos, eles vão ganhando outra consistência.
:-)
Um grande abraço Ana.
Saudades de conversar contigo.
Já me acusaram de ter perdido a capacidade de sonhar.
Acho que hoje em dia a realidade é que me enebria...
Tenho pena de ter ficado assim...
Uma joka grande...
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