Uma das minhas grandes preocupações nesta coisa das palavras escritas, é evitar as lamechices. Confesso que tenho tendência para me enrolar nelas. E não gosto. Esforço-me bastante para contrariar essa propensão. Umas vezes melhor sucedida que outras.
Seja como for, o mote deste post, é por si mesmo, lamechas (compreenderão mais à frente porquê… os que compreenderem alguma coisa). De maneira que depois de andar para aqui às voltas para tentar definir a forma como o deveria escrever, decidi que me deveria concentrar no seu próprio conteúdo. Isto é, da lamechice não me safo, vamos portanto ver, se me consigo fazer entender.
Ok. É um agradecimento, sim. Não me sinto obrigada a fazê-lo, não. Se sentisse, se calhar não o fazia, já que também tenho tendência para ser um bocadinho torcida. Mas quero fazê-lo. Se o motivo da gratidão pode ser imperceptível, melhor dizendo, incompreensível, a situação que o origina pode ser datada e descrita.
Dia 3 deste mês… preparava-me para ir de férias, ou deveria estar a preparar-me. No entanto, acordei tal como me tinha deitado na noite anterior… deixem-me usar a palavra, desfeita. Vim espreitar o meu blog, não sei se antes, se depois dos vossos. Tinha um comentário que ainda não tinha lido, no penúltimo ou antepenúltimo post. De uma mulher. A primeira mulher a manifestar-se com um comentário. Muito simples. Muito discreto. Fui espreitar o blog dela. Perdi a noção do tempo. À medida que o ia lendo, fui passando para outra dimensão. Mais leve. Mais desprovida de efeitos, isto é, apenas lia. No fim, definiu-se então, um resultado. Já não me sentia singular. Ou seja, afinal há pessoas que partilham comigo ideias, sentimentos, convicções, que antes da leitura, eu tinha interiorizado serem exclusivas. Dolorosamente, minhas. Pessoas que não conheço de parte nenhuma. Com quem nunca troquei uma palavra. A quem nunca influenciei. Uma mulher. Cujo carácter, reconheci sem esforço. É exactamente isto, que tenho a agradecer. A sensação de não ser única. Naquela altura, confortou-me imensamente. O meu escudo de protecção desactivou. Levantei-me e fiz as malas. Fui de férias com os meus filhos.
E pronto, está feito. Confesso que custou um bocadinho. Acabo de ter a impressão que este é o post que mais jus faz, ao título do blog.
E agora… outra coisa… volta e meia, lá aparece um comentário no meu blog. Não sei se vai aparecer algum por baixo deste post, mas se houver algum, fica já aqui manifestado que não gostaria de ler nele, 3 palavras seguidas: não, era e preciso. E agora, para os engraçadinhos que gostam de me desafiar (sim, mais um recado)… nada de comentários com uso das mesmas palavras, intercaladas com outras, mas sublinhadas, do género: Acabei por não perceber nada do que para aí escreveste. Afinal?... era para agradecer, ou não? Acho que preciso de voltar a ler o post mais algumas vezes, a ver se compreendo. Mas não agora. Talvez numa altura em que já me tenha esquecido : ) Também não vale deixar comentários assinados com N.E.P. (não era preciso) ou N.E.N. (não era necessário)… mais?... Ok!... depois destes recados, já sei que há-de haver um, a furar o esquema. Estou cá para ver qual é o habilidoso, eheh.
Ah!... já me esquecia… “Agradecimento público I”, porque é o primeiro. Há mais. Mas as "vítimas", são outras pessoas. Oh pá!... está-me a dar para isto. E agora?... Alguma razão haverá. Mas, pronto… assim um agradecimento de quando em quando, para não enjoar.
2 comentários:
Chiça ! Espero poder dizer "não" e "era" e "preciso" porque senão isto limita-me muito - aliás, neste momento são as únicas 3 palavras que me ocorrem :-) Mas entendi tão bem o que disseste ! Também eu já tive essa sensação, quantas vezes não dei por mim a pensar que o erro deve ser meu, eu é que tenho estas convicções meio tontas... Nesse aspecto o teu blog foi uma surpresa muito agradável :-) Já estás linkada ! PS: será que te chamei tonta ? :-)
Realmente não me surpreendeste. Eu sabia que tu havias de entender o mote dest post. Eu cá penso que as convicções, sentimentos, ideias, valores... existem para ser mantidos. Como uma espécie de conhecimento que se ganha e não se deve perder. No entanto, por vezes isolam-nos. Principalmente quando percebemos que os outros não os compreendem e por isso não os respeitam. É bom perceber que há gente a pensar como nós. Que afinal, não somos "anormais" (detesto esta palavra, mas é a mais convencional - agora deu-me jeito usá-la).
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