domingo, junho 19, 2005

Abençoada



Numa doce e fresca penumbra, senti-as como um beijo suave a despertar-me. Na verdade, já tinha ouvido o sino em sinal de chamamento que ignoro sempre como tal, mas prezo como se fosse meu.

Às 11.30 h, de Domingo, toca sempre. Toca de forma diferente, anunciando a missa. Chamando os seus fieis, onde não me encontro, dos quais não faço parte. Mas prezo. Prezo este sino, como se meu fosse.

Na verdade, já o tinha ouvido, há meia hora atrás, quando me beijaram aquelas vozes celestiais. Foi quando despertei. Finalmente despertei. Com as vozes do coro da igreja. Um doce despertar. Perto. Próximo. Um verdadeiro abraço abençoado. Ontem à noite fechei as portadas. Abri as janelas. Deitei-me na cama mais próxima. E, fiz muito bem.

Por cima dos lençóis brancos, frescos… protegida pela penumbra das paredes iluminadas aqui e ali pelos recortes das portadas… hoje, fui suavemente beijada por vozes celestiais. Sem me mexer, adivinhei o ritual. A imensa porta da igreja aberta de par em par, a entrada do padre, dos cónegos, da cruz.

Reconheci a voz dela, por entre as outras vozes do coro. Mais um anjo, na minha vida. Neste sim, eu acredito. É ela que toma conta dos meus filhos.

Levantei-me antes de sentir a imensa porta da igreja, fechar. Antes que elas parassem de cantar. Retive o momento e fiz o registo.

domingo, junho 12, 2005

Um ano

Faz amanhã 1 ano que publiquei o primeiro post neste blog.
Pouco tempo depois, deixei de viver com o pai dos meus filhos.
Desisti da minha casa.
Dei baixa da minha actividade profissional.
Perdi o sentido de humor.
Fui perdendo a compulsividade para a palavra escrita.
E… já nem me apetece escrever sobre gajos.

Ao final de quase 1 ano, luto pela sobrevivência.
Esforço-me por manter um emprego precário.
Defendo até à exaustão, o bem-estar dos meus filhos.
Resisto à malvadez.
E ainda não me dei por vencida.

Restou apenas a minha individualidade.
Pela integridade dela, mudei o rumo à minha vida.
E, apesar de por vezes, a sentir frágil como qualquer ser vivo, recém-nascido… parece-me que vou vingar.

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Desculpem-me meus amigos, que sei do fraco interesse que os meus posts têm suscitado. A falta de animação continuará assim nos próximos tempos. Melhores dias virão, estou certa disso.
Lanço os meus braços, num abraço grande, a todos vocês.

Miúda!... tenho saudades tuas, aqui.