Numa doce e fresca penumbra, senti-as como um beijo suave a despertar-me. Na verdade, já tinha ouvido o sino em sinal de chamamento que ignoro sempre como tal, mas prezo como se fosse meu.
Às 11.30 h, de Domingo, toca sempre. Toca de forma diferente, anunciando a missa. Chamando os seus fieis, onde não me encontro, dos quais não faço parte. Mas prezo. Prezo este sino, como se meu fosse.
Na verdade, já o tinha ouvido, há meia hora atrás, quando me beijaram aquelas vozes celestiais. Foi quando despertei. Finalmente despertei. Com as vozes do coro da igreja. Um doce despertar. Perto. Próximo. Um verdadeiro abraço abençoado. Ontem à noite fechei as portadas. Abri as janelas. Deitei-me na cama mais próxima. E, fiz muito bem.
Por cima dos lençóis brancos, frescos… protegida pela penumbra das paredes iluminadas aqui e ali pelos recortes das portadas… hoje, fui suavemente beijada por vozes celestiais. Sem me mexer, adivinhei o ritual. A imensa porta da igreja aberta de par em par, a entrada do padre, dos cónegos, da cruz.
Reconheci a voz dela, por entre as outras vozes do coro. Mais um anjo, na minha vida. Neste sim, eu acredito. É ela que toma conta dos meus filhos.
Levantei-me antes de sentir a imensa porta da igreja, fechar. Antes que elas parassem de cantar. Retive o momento e fiz o registo.